julho 30, 2008

Para ter um laboratório, quero que seja para fazer chocolate


Os milagres da Ciência não começam nem acabam no Laboratório Químico, na Física Quântica ou nos grandes progressos da Medicina. Os milagres da Ciência começam e acabam no chocolate, que tanto desperta a curiosidade pelas qualidades químicas que possui e pela energia que produz como pelo impressionante rigor matemático com que determina o bom humor. Imaginando o laboratório perfeito, ele seria bem semelhante ao ainda hoje (incrivelmente) preservado laboratório químico do Museu de Ciência, em Lisboa, na antiga Faculdade de Ciências (e ainda mais antiga Escola Politécnica). Que bom seria ver, naquelas bancadas corridas, uma longa fila de frascos e frasquinhos cheios de extracto de cacau santomense, sais de semente de cacau, ou outras coisas tão bem imaginadas como poderosas. Tudo visto ao microscópio, devidamente catalogado e cientificamente nomeado, reuniria material digno de divulgação em conferências internacionais. Depressa se chegaria a uma nova teoria: E = mc2 sendo que E=Energia e mc=manteiga de cacau… Ou, sendo mais realista, já seria suficiente ter a boa e tradicional pasta de cacau, com um aroma intenso, disposta a diluir em si algum açúcar e lecitina de soja… depois era ver aqueles tubinhos a fervilhar com pequenos bonbons ou trufas cobertas com cacau em pó, criteriosamente guardado no armário mais alto, longe de apetites alheios… Definitivamente, para ter um laboratório, queria um de chocolate.

julho 17, 2008

Como descobrir o vício ou a simples urgência do sabor


Todos os apreciadores de chocolate guardam entre si um segredo: o do vício. Mas como vício é palavra dura, pouco digna, que parece degradar qualquer prazer, optam por mascará-lo de uma certa docilidade, dando-lhe outros nomes como “hábito”, “pequeno prazer” ou, a minha preferida: “ritual”.
Sejamos honestos: o chocolate vicia! Vicia, porém, com enorme grandeza e humildade…

Foi há cerca de um ano que me vi forçada a assumir o vício. Em viagem de férias aos Açores (experiência, aliás, equiparável ao prazer do chocolate), não me ocorreu levar provisões. Mas também, quem se lembra que tem vícios, perdão, “pequenos prazeres”, quando está de férias?

Erro meu.

Na segunda noite dormida em S. Miguel, fui assaltada por pequenos quadradinhos de
Noir de Noir (Pour Connaiseurs) e de um intenso Sensations 70%... um dia mais tarde, foi a vez do fino de chocolate preto com cobertura de leite (que demora uns vinte minutos a percorrer o paladar, da primeira sensação leitosa ao momento final de puro cacau…). Ao fim de 72 horas, já conversava com simpáticos pralinés durante toda a noite! Em todo este tempo, já a gotinha de suor corria junto à sobrancelha, insistia em adiar o regresso ao “ritual” (pois…) para o dia de chegada a casa.

Novo erro.

Na véspera de partir para Lisboa, e passando por uma estação de serviço da ilha, os meus olhos lançaram-se rapidamente sobre o expositor onde uma multidão de elefantinhos da Côte d’Or me pedia que os levasse. Num grito de surpresa (que penso ter sacudido de susto a vendedora...), exclamei já desesperada: “Chocolate! Preciso mesmo de chocolate!”. Caída em mim pouco depois, envergonhei-me, retraí-me outra vez e enchi-me de firmeza e coragem, acrescentando: “Mas só em Lisboa...”.

Chegada a casa, percebi que trouxera na bagagem a recordação da ilha mais bonita do mundo e uma certeza: a viagem pelo universo do chocolate só assegura bilhete de ida. Daí, nunca mais se regressa…

julho 10, 2008

Acabado de chegar

Aqui nasce um clube onde todos são bem vindos, dedicado a um dos maiores prazeres da Terra: o CHOCOLATE!

Não admira que os Maias e os Aztecas o confundissem com um alimento dos deuses... ou seria mesmo confusão?

Mais do que um universo de paladares, o chocolate é uma viagem de experiências pelos cinco sentidos: tem som, cheiro, cor, sabor e textura. É feito de qualquer coisa tão especial que conversa connosco, diz-nos como somos e é um incrível contador de histórias...

Provamos?